A doença é tratada a partir das causas biológicas, psíquicas e sociais que levaram a pessoa a desenvolvê-la. O paciente é acolhido por uma equipe de médicos psiquiatras, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos, terapeutas, socorristas, professores de educação física, consultores, acompanhantes, que atuam de forma interdisciplinar, cuidando do ser humano como um todo.
Nosso modelo psicoterapêutico é de origem humanista cujo objetivo é a abstinência total do consumo de álcool e drogas. Pretende-se com este modelo ensinar o dependente novas atitudes e comportamentos através de um método de trabalho que tem foco nos princípios dos grupos de autoajuda, de sentimentos, terapia racional-emotiva, psicologia transacional, palestras, filmes didáticos e terapias individuais.
A dependência química (DQ) é uma doença crônica e recidivante cuja etiologia tem natureza multifatorial complexa. Muitas pessoas não entendem porque ou como alguém se torna dependente de drogas, muitas vezes com a percepção errônea de que a manutenção do consumo da droga, apesar dos problemas relacionados, é fruto de questões morais ou falta de força de vontade. Na realidade, a dependência é reconhecida exatamente na incapacidade do indivíduo para controlar seu comportamento, e embora a iniciativa de consumir drogas tenha forte componente voluntário, as alterações cerebrais decorrentes desafiam o autocontrole e capacidade de resistir a impulsos muito intensos. A partir de décadas de avanços científicos sobre o tema, hoje é possível uma melhor compreensão dos mecanismos biológicos e cerebrais envolvidos no surgimento e cronificação da doença, apesar de ainda existirem muitas lacunas a serem descobertas.
Em linhas gerais, se considerarmos o grande contingente de indivíduos que experimentam alguma droga, é relativamente pequena a parcela dos que se tornam dependentes, uma vez que certas substâncias não têm elevado potencial inerente de levar à dependência, ao contrário de outras, como cocaína, seus derivados (crack) e heroína. Estas últimas levam ao quadro de DQ com poucas ocasiões de consumo e de forma mais independente da interação com outros fatores de vulnerabilidade. Entretanto, mesmo com níveis reduzidos de consumo de substâncias, a pessoa já pode apresentar impacto significativo na qualidade de vida, e, apesar de conhecermos alguns preditores de piores desfechos, uma vez iniciado o uso de qualquer droga, não é possível assegurar se haverá ou não a trajetória para dependência, marcada por mudanças cerebrais químicas e funcionais significativas e persistentes. Por esse motivo, cada vez mais estudos demostram a importância de serem enfatizadas estratégias de prevenção. Além disso, ainda não são tão expressivas as opções comprovadamente efetivas de tratamento, e são observadas pequenas taxas de procura. A presença de baixo nível socioeconômico, falta de suporte familiar e comorbidades psiquiátricas graves são fatores que contribuem para menor chance de obter tratamento e sucesso.
Estudos com gêmeos elucidaram definitivamente o importante papel da herdabilidade genética, que se manifesta por diversos mediadores, como o funcionamento de enzimas metabolizadoras das drogas, nível de resposta subjetiva individual que pode ocorrer, além de fatores emocionais, cognitivos e de personalidade. O conceito atual aponta que genes interagem com fatores ambientais para determinar o comportamento, com a existência de vulnerabilidade preexistente ao consumo de drogas de maneira geral, e também para cada tipo de substância psicoativa e momento ao longo da vida, em que os fatores genéticos e ambientais passam a ter pesos diferentes.
A compreensão da DQ como doença crônica tem implicações para modelos de etiologia, tratamento, prognóstico e políticas na área de saúde, podendo ser comparada a diabetes melitus, hipertensão e asma, uma vez que existe tratamento disponível, com taxas de sucesso e melhora na qualidade de vida consistentes, mas que ainda é não curável. As recidivas de sintomas, ou recaídas, são muitos frequentes, fazem parte do quadro clínico, e representam um desafio para o tratamento. Ainda, a partir dos perfis de herdabilidade destas doenças, entende-se que a vulnerabilidade para adoecer é proveniente, em parte, da carga genética, que irá interagir com outros fatores, de forma semelhante ao que ocorre na fisiopatologia das dependências. Embora a DQ seja uma doença tratada na maioria das vezes por psiquiatras, considerando ser uma patologia do comportamento e cujas alterações de humor, sono, concentração e outras funções psíquicas acabam comprometidas, especialistas de outras áreas comumente fornecem contribuições relevantes.
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